terça-feira, 27 de novembro de 2007

Os preconceitos e os medos

Alfredo Bessow *

O congresso nacional do PSDB realizado aqui em Brasília na última semana serviu mais uma vez para que uma elite 'branca e aristocrática, bem educada, combinando roupas e exalando bons perfumes', como descreveu uma amiga minha, manifestasse todo seu ódio, rancor e preconceito. Diferente de muitos, não acredito que a raiva dos tucanos seja contra Lula e o PT. Mas sim contra o que estes anos de mandato do atual presidente representam em termos da importância crescente deste 'Brasil' que eles, os tucanos, demoníacos e outros representantes dos segmentos mais retrógrados e conservadores, sempre deixaram relegados à própria sorte.

Nisto reside o grande enigma: situações como o descontrole verborrágico no congresso tucano ajudam a constatar que eles sabem que o seu jeitinho de governar o povo está morto. Há uma imensa dificuldade em reciclar não só o discurso, mas a prática. Veja-se que o castelo dos seus governos estaduais começa a ruir em todos os cantos. É Teotônio Vilela e as greves que não se acabam; é Aécio Neves e as suspeitas de estripulias eleitorais que remontam ao 'mensalão tucano' de Minas em 1998; é José Serra tentando implementar um programa de privatização de estatais paulistas; é Cunha Lima prestes a perder o mandato na Paraíba – sem esquecer o embuste maior imposto aos gaúchos que é a presença de Yeda Cruzius como governadora.

Amparados e protegidos por uma mídia sempre generosa em espaços, interpretações e omissões, os tucanos e seus eternos aliados começam a perder a paciência com o que está acontecendo no Brasil. Em lugar de uma efetiva análise dos equívocos, preferem atacar o povo. O modo de ver e fazer política que norteou os passos e as ações desta elite depende do projeto de um país exclusivo, que seja estruturado em sistema de castas, de forte segregação racial e de apartheid econômico que faculte a concentração de renda nas mãos de poucos e que, ao mesmo tempo, crie mecanismos para a ampliação das benesses para estes grupos poderosos.

Costumo dizer que a oposição perdeu o foco do seu discurso, na medida em que insiste em 'demonizar' o atual governo, com uma dificuldade crescente de ler e entender que a realidade nacional é algo em constante processo de mudança - vigorando hoje a paulatina implantação de um projeto que objetiva a tornar a cidadania um 'bem' cotidiano, desmascarando o velho discurso da inviabilidade econômica da inclusão de milhões de brasileiros pela adoção de políticas sociais. Só este fato ao que parece serve para aguçar ainda mais o ódio e o preconceito, algo que pode ser facilmente constatado pela ira nos discursos.

E nem falo aqui no escorregão gramatical de FHC – que isto é apenas revelação do estado de tensão que hoje consome, corrói e desestabiliza os tucanos. Percebe-se pelas palavras o quanto há de ódio em cada uma delas; observa-se pelas feições iradas o quanto há de ódio dentro de cada um dos 'próceres'.

E o que se constata é uma sucessão de mágoas de quem se pensando superior, não entende que o Brasil e os brasileiros são muito mais do que eles pensam e gostariam que fosse. E nada no mundo parece servir para acalmá-los ou consolá-los, até porque há uma sucessão de notícias que servem para lhes tirar o sono e assim se vêem compelidos a recrudescer o discurso do rancor típico daquele que se pensando superior, tem imensas dificuldades de entender o zumzum que vem das ruas, preferindo pensar que são vozes saudades e não de efetiva felicidade da maioria do povo por eles estarem longe.

E assim, entra e sai ano e é a mesma angústia daqueles que sempre se vangloriaram de ser uma elite 'branca e aristocrática, bem educada, combinando roupas e exalando bons perfumes' e que de repente são obrigados a conviver com uma realidade que os angustia: o Brasil que era só deles, hoje começa a virar o Brasil de todos os brasileiros...

Você, caro ouvinte, não precisa concordar comigo, mas ao menos reflita sobre o assunto e até amanhã...

* Alfredo Bessow, jornalista e apresenta, de 2ª a 6ª, de 7h às 8h, o programa Bom dia, Servidor! pelas rádios Brasília 1.210 AM e pela 88,9 FM.

A RBS e o poder da desinformação

Alfredo Bessow *
Tenho dito aqui de forma continuada que boa parte de nossa briosa imprensa, por questões de opção ideológica, deixou de lado a preocupação com a informação e se especializou na arte de manipular. O episódio envolvendo o afastamento do ministro Mares Guia, responsável pela Articulação Política do governo Lula, serviu como um prato cheio.
As manchetes de hoje nos principais jornais de todo País são um verdadeiro atentado contra a informação. Manipula-se de modo desavergonhado. Vejamos uma só e que serve a contento, por tudo que traz de simbologia e de ranço: 'Ministro articulador do governo Lula é denunciado e se afasta' – está na capa da Zero Hora de Porto Alegre desta sexta-feira.
Sim, Mares Guia se afastou. Correto. Mares Guia era o responsável pela interlocução com os congressistas. Mas a intenção de confundir está ao não dizer que a queda dele, Mares Guia, se deu pelo suposto envolvimento no Mensalão tucano mineiro – o esquema do PSDB de usar verbas públicas para a campanha eleitoral em 1998 – e como o próprio senador Azeredo já disse: o dinheiro desviado também serviu para financiar a campanha presidencial de FHC e de Aécio Neves à deputado federal – entre outros muitos nomes contemplados e estranhamente não denunciados.
Lamentável mas compreensível a postura da Zero Hora, afinal o jornal gaúcho desde há muito se consolida como porta-voz dos setores mais retrógrados da sociedade gaúcha, tem em seus quadros diretivos por exemplo Pedro Parente, aquele que foi ministro do governo FHC e um dos principais artífices para a saída da Ford do RS – com o apoio da então deputada federal Yeda Crusius hoje governadora que frustra e desencanta os gaúchos. Mas por conta da manipulação da informação, até hoje para muitos a saída da Ford foi por incompetência de Olívio Dutra.
A ação da Zero Hora e dos veículos da RBS no RS contra o PT e o governo Lula são sistemáticos, amparados por um monopólio da desinformação. Mas o que causa espanto é que o mesmo grupo, saindo do RS e chegando em SC onde também começa a deter o monopólio da informação, tem outra postura em seus jornais editados na sempre bela e encantadora Santa Catarina. O título do Diário Catarinense já é bem menos parcial: Ministro e senador são denunciados no STF por mensalão mineiro. Ou seja: quando quer, informa. Quando não quer, manipula.
A nefasta ação deste grupo de comunicação que está destruindo a cultura regional está sendo compilada em levantamento que dará origem a um trabalho já em fase de elaboração sob o título de RBS – o câncer que que corrói o Rio Grande buscando resgatar a ação perversa aos interesses da coletividade e da diversidade cultural, étnica e religiosa do Estado que advém do poder que o grupo hoje detém por conta de sua rede de TV, dezenas de emissoras de rádio e
jornais regionais.
O que é lamentável, para a sociedade, que se trata de prática recorrente, dentro de uma campanha sistemática contra o governo federal, como se houvesse um ódio incontido pelo êxito do governo, como por exemplo com a redução do déficit da Previdência, o êxito na política externa, a solidez da economia, a redução no desemprego e tantos outros dados positivos. O ódio
está centrado, ao que parece, na impossibilidade de negar a realidade...
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* Alfredo Bessow, jornalista e apresenta, de 2ª a 6ª, de 7h às 8h, o programa Bom dia, Servidor! - pelas rádios Brasília 1.210 AM e pela 88,9 FM e pela internet no www.debrasilia.com.br

Contra a CPMF, a favor da sonegação

Alfredo Bessow *

Há uma imensa falácia, um cinismo sem limites, uma hipocrisia digna de ser premiada – tudo isto protegido pela ação irersponsável de boa parte da mídia nacional ao não dizer porque alguns senadores são contra a prorrogação da CPMF. Não os move outro sentimento a não ser o de proteger sonegadores. É preciso dizer isto de forma clara e com todas as letras. Qualquer argumentocai por terra diante da realidade: a CPMF é o mais democrático dos impostos hoje no emaranhado da carga tributária nacional e pé combatido por ser o único que não pode ser sonegado, que não pode ser contestado por ações na Justiça.

Esta é a máscara que se esconde por trás da ação de alguns senadores e senadoras – que em sua atuação nada mais fazem do que defender o interesse do grande capital e, por conseqüência, dos sonegadores. Contam, é claro, com a benevolência de uma mídia que se esmerou na arte de ser venal e que nada mais faz do que atuar como ponta de lança de um lobby poderoso em favor de grupos empresariais.

Houvesse seriedade e honestidade em qualquer dos discursos, então a ação destes que são contra a CPMF deveria ser no propósito de encaminhar o País para um sistema tributário mais justo e democrático e poderiam começar a atcando o PIS e o Cofins. Basta ver quantas milhares de ações abarrotam a Justiça Federal em nosso país questionando valores destes dois ‘amiguinhos’ dos sonegadores. São dois ‘tributos’ – entre tantos outros - facilmente burlados e que podem ser alvo de litigâncias e considerações auriculares junto a magistrados.

Peguemos, para exemplificar, alguém que tenha R$ 10 mil para gastar. O custo da CPMF será de R$ 38,00 – isto mesmo. No caso de uma compra qualquer com este mesmo valor de R$ 10 mil - em supermercado, shopping, etc - só de Pis/Cofins seria algo superior a R$ 1 mil. Ou seja: é pura balela o discurso ‘anti’. Volto a dizer e a insistir: o que não têm coragem de dizer que são contra a CPMF porque é ‘tributo’ que não pode ser sonegado.

Por isso, talvez, nenhum destes neo-moralistas de ocasião tenha se preocupado em acabar com tais armadilhas pró-corrupção e tratam de sabotar a CPMF que não pode ser alvo de ações protelatórias. Apegam-se a argumentos que beiram o patético, pois os mesmos que hoje o tornam sinônimo de todas as mazelas, ontem foram beneficiários de tais recursos. Dizer que a CPMF onera a cadeia produtora é conversa que nem criança de pré-escola aceita, pois todo brasileiro já sabe que boa parte do empresaiado nacional (e seus porta-vozes e áulicos com assento no Congresso Nacional e em outras cadeiras diretivas, legislativas e judicantes em vários níveis) só sabe ‘somar’. O valor da CPMF é irrisório e, sejamos francos: é democrático, diria até que é o imposto ideal, pois tira mais de quem tem mais e não atinge aos menos favorecidos.

Tenho por hábito ler vários jornais diários e percebo que a mídia não aborda esta questão elementar que está por trás da luta contra a CPMF: trata-se de tributo que inibe o Caixa 2 de empresas, que freia um pouco a lavagem de dinheiro e que impede a remessa de recursos para fora. É por isso que chega-se ao caso patético de um senador da República como Pedro Simon (PMDB-RS) ser contra a prorrogação da CPMF e a favor do tarifaço da governadora Yeda Cruzius (PSDB-RS) – um golpe nos gaúchos que vão acabar pagando mais por alimentação, transporte, vestuário e tudo mais. Por trás de cada aparente ‘contradição’, existe uma razão muito simples – basta ver a serviço de quem os que são contra a CPMF atuam, quem financiou suas campanhas.

Diria, com o perdão dos ouvintes do Bom dia, Servidor!, que é duplamente revoltante e indignante observar a ação conjunta da mídia e destes ‘representantes’ do povo que não têm coragem de assumir as verdadeiras razões que os movem a se posicionar – volto a dizer – contra o único imposto ou tributo que não pode ser sonegado, que não pode ser alvo de ações na Justiça.

É em momentos como este que se aprofunda a minha convicção do equívoco do governo Lula e do próprio PT de não terem tido coragem de apostar, apoiar e patrocinar o surgimento de uma mídia alternativa forte, capaz de se contrapor a tantas mentiras, a tanto cinismo. Ao se submeterem aos salamaleques dos empresários tradicionais da mídia, tanto o governo Lula quanto o PT não tiveram condições de fortalecer meios alternativos para chegar até a sociedade e revelar a verdadeira face de quem se quer paladino da moralidade.

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* Alfredo Bessow, jornalista e apresenta, de 2ª a 6ª, de 7h às 8h, o programa Bom dia, Servidor! - pelas rádios Brasília 1.210 AM e pela 88,9 FM.

Jesus, a semente do amor vai chegar

Alfredo Bessow e José Aragão

Em nossos corações

já é tempo de Natal,

e brotam estas canções

de louvor sem igual

No mundo sem sentido

onde tudo perdeu valor

o Cristo vive esquecido

mas é semente de amor

Da manjedoura veio a luz

em muitos vive apagada

mas do berço até a cruz

por nós Ele fez a jornada

Com Jesus vou adiante

sem jamais me cansar

e saudo a cada instante

a importância de amar

Cristo é meu caminho

me conduz à salvação,

estou em cada espinho

e o louvo nesta canção

Que o tempo da paz

traga alento espiritual,

que a dor fique pra traz

- viva o sentido do Natal

E todos de coração feliz

louvemos quem vai chegar

o menino que só quis

sementes de amor plantar